sábado, 18 de abril de 2009

O Governante cap. 02

Anos setenta inicio de eleições no interior da Paraíba, como em todo interior do Nordeste o paternalismo prevalece nas eleições, como a compra de votos e outro tipo de voto o chamado voto de cabrexo, que na realidade era o voto escravizado, prática comum nos currais eleitorais.
Em plena campanha as visitas as residências era uma obrigação, principalmente na última semana das eleições, onde os cabos eleitorais intensificavam a entrega de brindes tais como: sandálias que naquela época eram chamadas de sandálias japonesas, camisas Volta ao Mundo, basqueteira,sementes para o plantio, pequenas ferramentas agrícolas e o principal o que todos queriam a chapa dentária. Os presentes eram distribuídos tendo como critério o número de eleitores de cada família. Quanto maior o poder de capital do candidato, maior o número de votos que obtinha nas eleições, pois mudar de lado era alta traição entre as famílias nobres, em muitos casos a morte matada era a vingança e uma questão de honra.
Nem Picasso o teu nome poderia pintar,
Talvez Mozart uma opera cria-se,
Victor Hugo um conto conta-se,
Talvez uma simples desilusão de um cara que ti ama-se,
Poderiam todos usar teu nome em criações que eternizassem,
Mas só um que usou o teu nome em embrionária criação,
Pode ti chamar de Lauroca, senão o teu pai João.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Lembranças infantis

Caminho a passos lentos distraídos em mil pensamentos,
O que alegra o que atormenta em lembranças de crianças.
caminho gravado na mente, não erro a direção, luzes me segue de postes e automóveis.
O que se move é o meu corpo e a minha solidão.
Já não basta saber as horas, se passa das dez ou não, ando em busca da namorada que a perdi na madrugada de uma noite de São João.
Lembro das fogueiras e dos foguetes e balões e brincadeiras de adivinhações, até um refrão que cantando com entusiasmo derruba balões.
Batismo de compadre em volta da fogueira, ver o rosto na bacia, caso contrário não ver o outro dia, pisar em brasa viva poucos se habilitam.
Se é nostalgia ou momento único, o que interessa é a mente contando em lampejo do passado.

terça-feira, 7 de abril de 2009

vultos

Sombras e vultos em caminhos de pedras com luzes de lampião
pouca conversa em pequenos grupos, onde vale a adivinhação.
vento frio musical acompanha coral de sapos,
botas e chinelas de couro encharcada de lama pinoteiam a grama.
nova porteira é aberta,caminho estreito em tapete de capim com aroma de jasmim,
cada passo o caminho é vencido se despede os amigos.
o cheiro de casa aparece, a paisagem me conhece,
a porta é aberta por um vulto que gosta de mim.

domingo, 5 de abril de 2009

O governante
Cap.1 As lições
Não importa o consumo de bens duráveis, o que o povo quer é comer, principalmente o povão, o conhecimento só acontece de barriga cheia. O que importa ao cidadão? É uma tv de LCD ou uma panela cheia de feijão? roupa nova ou pinga no botequim. O que será de você, o que será de mim.
Vamos criar uma sacola de mantimentos básicos para a população, para que sobre comidas para os ratos e as baratas, com isso aumenta o lucro dos laboratórios e sobra contribuição para minha eleição.
Procure sempre apertar a mão do eleitor(digo irmão) bem apertada, sempre perguntando por alguém da família, inclusive citando algum acontecimento e o nome do cidadão. Não se preocupe se errar, é onde entra o conhecimento popular, se for na Paraíba é José ou João, no Ceará Manuel ou António, em Pernambuco Salustino ou Julião, em Alagoas Bento ou Romão, ou se preferir do litoral, passando pelo Agreste, Sertão até o Meio Norte, basta um abraço e lembranças a família com a bênção de Padin Ciço, o santo do homem do interior.

sábado, 4 de abril de 2009

Estava lá, sentia o calor da sua mão,
Acalentava e aliviava a solidão.
Não fale, continue é pra sempre,
O corpo sente.

Alívio na noite de tempestade,
Só pensava em crueldade.
A bondade em volta,
Só amigo suporta.

Ponte do Maurício

Chuva forte em pleno verão
Ponte do Maurício,correnteza forte é rio a cantar
Traz água do agreste com a do mar casar
Baronesas flutuam com ansiedade
Outros viajantes na correnteza vão.

Passos e passos vem e vão
Aponte contempla,e sente a vida
Em cima e em baixo
Com pressa,ou flutuando;
Todos a usam,do mar ao sertão.

O que atormenta é o automóvel,ônibus e caminhão
Milhares de humanos em distração
Não percebem seu encanto
Ela existe de inverno a verão
Sempre pronta a abraçar os que nela vão passar.

Madrugada no Centro (Recife)

Pouco movimento em sombras de prédios e casarões
Barulhos cadenciados dos que pressa tem
O vazio toma conta é silencio na noite
Rio desliza suavemente em pele de namorada
Saboreando inicio da madrugada.

Luzes de cores diversas em andares do céu
Avenidas abraçam ruas e becos são irmãos
Praças em prontidão, guarda arvores dormitórios
Esquinas dominam o vento leve que abraça a penumbra
Desnuda-se os segredos da madrugada.

A Noite que faz

A noite convida, em penumbra dilatando a retina, ressuscitando a minha alma,
Corpos celestes viajam em luzes de passado ou em recente explosão.
Flores brancas exalam cheiro de nobreza e embriaguez,
Devorando a rotina de humano urbano.
Caminhando em ruas com pouca iluminação,
Pensamentos vem e vão.

Passos, passos em busca de uma direção onde não exista solidão,
Não é o acaso, força-se um momento de contato.
Conversas hão de vir, em doses de salão,
Figuras rotineiras de eternas boêmias.
Boas e más companhias em breves contatos, abraços e apertos de mão,
Frenética a noite fica.

Doses, doses libera total a timidez,
Frases longas de diversos assuntos,da política a traição.
Olhares relâmpagos de desejos embutidos,
Comquistas indefinidas, amores em erupção da matéria.
Visão noturna de gato. Embaraçado o cérebro fica,
Em sensação de nova conquista.

Horas altas em altas horas,a volta é longa e fria,
É bem vinda a companhia.
Conversas desconectadas e sem emoção em assuntos do dia a dia,
Vem amanhecendo, alados em sinfonia desejam bom dia.
Ocorpo sente, a ansiedade animal em desejo latente,
Boa companhia em cama quente e macia.